Luto

A perda de um animal de estimação pode, em muitos casos, equivaler à perda de um familiar próximo.

A falta de compreensão das pessoas que nos rodeiam pode por vezes dificultar o processo de aceitação e reconciliação com a realidade.

Nem sempre é fácil explicar a pessoas que não possuem laços afetivos com animais, o papel importante que estes podem ter no equilíbrio e felicidade de uma família.

Não deixe que comentários menos sensíveis o entristeçam e permita sentir-se em luto pela sua perda.

Compreendemos que este momento pode ser difícil para si e para os seus.

O texto seguinte pode ajudá-lo a sentir-se mais acompanhado no processo de Luto.

Pode ainda falar com os nossos colaboradores, preparados para lidar com estas situações.

 

Direito das Pessoas em Processo de Luto

Embora deva procurar apoio dos outros durante o processo de luto, não é obrigado a aceitar os comentários e respostas sem sentido de algumas pessoas. Quem está a sofrer é você e, como tal, tem alguns “direitos” que não devem ser-lhe retirados.

A lista que se segue tem a finalidade de o auxiliar na decisão sobre se os outros estão ou não a ajudar. O objetivo não é encorajar para que não procure apoio dos outros, mas sim ajudá-lo a distinguir respostas saudáveis de respostas prejudiciais.

 
  • Tem o direito de sentir a sua dor individual

    Ninguém sofrerá exatamente da mesma maneira que você. Assim, quando tenta ajudar alguém, nunca tente dizer-lhe como se deve ou não sentir.

  • Tem o direito de falar sobre a sua dor

    Falar sobre a sua dor ajuda-o de forma saudável. Procure pessoas que estejam disponíveis para o ouvir quando e como quiser falar do seu sofrimento. Se em alguma altura não lhe apetecer falar, tem o direito de manter o silêncio.

  • Tem o direito de sentir uma variedade de emoções

    Confusão, desorientação, medo, culpa e alívio são apenas algumas das emoções que poderá sentir durante o seu processo de luto. Algumas pessoas poderão dizer-lhe que sentimentos como a raiva, por exemplo, são errados. Não leve esses julgamentos a sério. Tente encontrar ouvintes que não façam julgamentos.

  • Tem o direito de ser tolerante com os seus limites físicos e emocionais

    Os seus sentimentos de perda e tristeza poderá deixá-lo cansado. Respeite os sinais que o seu corpo e a sua cabeça lhe enviam. Tire um dia de descanso. Faça refeições equilibradas. E não permita que os outros lhe exijam coisas que ainda não está preparado para fazer.

  • Tem direito do um sentir “sobressaltos de sofrimento”

    Às vezes, sem motivo, uma forte onda de sofrimento pode tomar conta de si. Isto pode fazê-lo sentir-se assustado, mas é normal e natural. Tente encontrar alguém que compreenda e o deixe expressar tudo o que sente.

  • Tem o direito de fazer uso do ritual

    O ritual do funeral é mais do que o reconhecimento da morte de um animal que fez parte da sua família. Ajuda-o a proporcionar-lhe o apoio de pessoas que se preocupam. Mais importante, o ritual é uma forma de expressar todo o seu sofrimento e perda. Se alguém lhe diz que o funeral ou qualquer outro ritual é tolo ou desnecessário, não ouça.

  • Tem o direito a aceitar a sua espiritualidade

    Se a fé faz parte da sua vida, expresse isso da forma que achar mais indicada para si. Permita-se estar rodeado de pessoas que compreendam e apoiem as suas crenças religiosas. Se se sentir zangado com Deus, encontre alguém para falar e que não critique os seus sentimentos de dor e abandono.

  • Tem o direito a procurar um significado

    Pode perguntar-se, “Porquê ele ou ela faleceu? Porquê desta maneira? Porquê agora?”. Algumas das suas questões terão respostas, outras não. E resista aos clichés que algumas pessoas lhe dão como resposta. Comentários como “Foi a vontade de Deus” ou “Pense em tudo o que tem a agradecer” não ajudam e não tem de aceitá-los.

  • Tem o direito de recordar as suas memórias

    As memórias são o legado mais precioso que existe após uma morte. Poderá sempre recordar. Em vez de ignorar as suas memórias, encontre alguém com quem possa partilhá-las.

  • Tem o direito de seguir da dor para a recuperação

    A recuperação do luto não é rápida. Lembre-se, o luto é um processo, não um acontecimento. Seja paciente e tolerante consigo próprio a afaste-se das pessoas impacientes e intolerantes consigo. Nem você nem os outros que o rodeiam devem esquecer que a morte de alguém que amamos muda a nossa vida para sempre.

 

Porque é o Ritual do Funeral Importante

“Quando as palavras são inadequadas, crie um ritual”

Anónimo

Rituais são, na maioria das vezes, cerimónias simbólicas que nos ajudam a expressar os nossos sentimentos e pensamentos mais profundos junto dos nossos familiares e amigos. O Baptismo celebra o nascimento da criança e sua aceitação na comunidade Cristã. As festas de aniversário honram a pessoa que faz anos e serve para festejar mais um ano de vida de uma pessoa que amamos. O Casamento tem como função afirmar o amor entre duas pessoas publicamente e abençoar essa união.

Também o ritual funerário é um meio simbólico, tradicional e público de expressar os nossos pensamentos, sentimentos e convicções acerca da morte de um ser que amamos. Rica em história e abastada com simbolismo, a cerimónia funerária ajuda-nos a reconhecer a realidade da morte, dá valor à vida que terminou, encoraja a expressão da dor que está consistente com os valores culturais, provê apoio a quem sofre, permite aceitar a fé e as convicções sobre a vida e a morte, e oferece a continuação e esperança para viver.

Carta ao Meu Dono

Querido Dono(a),
Parti para uma viagem, mas deixo os melhores momentos que partilhámos juntos.
Obrigada pelo amor que me deste!

Agora é tempo de seguir em frente e de dares todo o teu amor a outro que o precise.

Quando acolheres um novo companheiro na tua vida, olha bem no fundo dos seus olhos e encontrar-me-ás novamente, no olhar de gratidão que ele te oferecer.
Fá-lo por mim,
Até breve…

História dos Rituais Fúnebres para Animais   

O ritual de enterro de animais tem sido praticado em todo o mundo ao longo da história. Em muitas sociedades era, e ainda é, uma forma de homenagear os animais que se dedicaram às suas famílias humanas. Estes funerais são expressões da nossa afinidade emocional com seres não humanos e de um sentimento de pertença ao mundo natural. Os rituais funerários para animais celebram a mais duradoura das crenças humanas – a de que partilhamos uma “próxima vida” com outras criaturas – tal como acontece com esta.

De todas as sociedades ancestrais que celebravam funerais para animais, o Egipto é a mais conhecida, graças à grande quantidade de cães, gatos, macacos e aves mumificadas que foram descobertas pelos arqueólogos. Já em 1000 a.C., grandes áreas de terreno ao longo do Nilo eram expressamente designadas para o enterro de animais, apesar de ser também completamente aceitável que estes fossem colocados nos túmulos dos seus donos. Nessa altura, tal como agora, os donos mais ricos não se poupavam a despesas nos funerais dos seus animais. Quando um cão real morreu em 2180a.C., o faraó em luto ordenou que fosse fabricado um sarcófago e que “o melhor tecido, incenso e óleos aromáticos” fossem usados no processo de mumificação. Foi decretado que a sepultura seria num túmulo subterrâneo especialmente construído.

Alexandre o Grande (356 a.C. – 323 a.C.) conta-se entre um dos mais famosos apreciadores de cães da história. A sua grande mastim, de nome Peritas, foi enterrada com uma procissão formal sob um grande monumento de pedra erigido em sua honra. Aos residentes vizinhos foi ordenado que celebrassem a data da sua morte em festividades anuais e ainda existe na proximidade uma cidade com o seu nome.

Após séculos de associação com os deuses pagãos do Egipto, Roma e Grécia, muitos animais foram sujeitos a perseguições na era Cristã a partir 700 d.C. Cães e gatos da era medieval eram muitas vezes acusados de serem cúmplices de bruxas ou, ainda pior, a incarnação de Satanás. Havia pouca tolerância para pessoas que cuidassem ou falassem com animais e, menos ainda para a noção de enterrar animais com a mesma pompa e cerimónia dedicada às pessoas. Mesmo assim, alguns corajosos defenderam que os animais deveriam ter também direito a honras post-mortem. Mais tarde, a rainha Vitória de Inglaterra (1837 -1901) lutou pelo estabelecimento de uma nova ética mais humana na sociedade. No decurso da sua longa vida, vastos terrenos em redor do Castelo de Windsor tornaram-se a morada final de cavalos, pássaros e muitos cães, com estátuas de bronze em tamanho real a marcar os túmulos.

Na segunda metade do século XIX, donos de cães que habitavam em zonas urbanas densamente povoadas e sem terrenos próprios, viram-se confrontados com duas opções pouco apelativas quando um animal morria. Deita-lo fora com o lixo ou colocar o corpo num saco com pesos e atira-lo para um rio próximo (só em 1899, as equipas sanitárias retiraram três mil animais do Sena, em Paris). Alguns chegaram ao extremo de entrar em cemitérios humanos para enterrar animais em lotes reservados para si próprios.

Assim não é de estranhar que a abertura dos primeiros cemitérios públicos para animais tenha sido bem recebida por milhares de amigos dos animais, no início do século XX.

Os últimos rituais para os animais de companhia Vitorianos eram tão formais quanto os equivalentes a humanos e incluíam velórios, caixões forrados a cetim, jóias e incontáveis ramos e coroas de flores.

Alguns animais de companhia eram fotografados em almofadas de renda, pousando como se estivessem em sono tranquilo (era costume fotografar do mesmo modo crianças que tinham falecido). Muitos donos guardavam madeixas dos seus animais em amuletos de ouro ou em anéis especialmente desejados para o efeito.

Versículos da Bíblia, excertos de peças de Shakespeare, poesia por Lord Byron ou simples testemunhos da autoria dos próprios donos eram epitáfios populares. “Nenhum deles é esquecido pelo Senhor”, declaram solenemente muitas lápides em Hyde Park. “Afogado no velho Lago de Windsor”, “Envenenado”, “Atropelado”, “Saudade da sua Dona” eram alguns dos comentários emotivos sobre finais trágicos. Muitas das inscrições são comentários intemporais sobre a constância dos animais comparativamente à das pessoas.

No início do séc. XXI existiam, só nos Estados Unidos, mais de 500 cemitérios para animais. Os tradicionais caixões de madeira e simples lápides de pedra são ainda populares. O facto de tantas pessoas escolherem comemorar a vida dos seus animais de companhia é uma boa notícia, pois indica a renovação de um sentimento de pertença, de familiaridade com o mundo natural, em grande parte inspirado pelos animais de companhia que nos ajudam e confortam nesta sociedade cada vez mais impessoal e tecnológica.

“Estes indícios representam o crescimento e o alargamento do espírito humanitário, em tempos que põem à prova as almas dos Homens” referiu um porta voz da SPCA (Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais) em 1900, após ser detetado o interesse crescente por funerais para animais de companhia. Esta evolução na mentalidade das pessoas denota a mudança que se está a dar no nosso próprio conceito de vida, em que “somos parte de um mundo alargado de animais, não acima, nem separados dele”.

 
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